“Os cães e os gatos também ficam constipados?” Ficam, sim, mas não é a mesma constipação dos humanos. No caso deles falamos sobretudo de infeções respiratórias próprias de cada espécie. Vamos explicar-lhe tudo.
Nos cães, o clássico é o “complexo da tosse do canil”, um guarda-chuva que junta vários vírus e bactérias e se manifesta com tosse seca tipo buzina, espirros e, às vezes, olhos a lacrimejar. Nos gatos, as constipações são normalmente causados por herpesvírus felino (FHV-1) e calicivírus (FCV), que se traduzem em muitos espirros, nariz entupido, ramelas nos olhos e, por vezes, pequenas úlceras na boca que tornam a comida desconfortável.
A boa notícia é que a maioria dos casos é ligeira e autolimitada. O tratamento caseiro foca-se no conforto. Oferecer um ambiente morno e ligeiramente húmido ajuda a soltar secreções, como o vapor do duche ou um humidificador, a água deve estar sempre disponível e, nos felinos, aquecer ligeiramente a comida húmida aumenta o aroma e “liga” o apetite quando o nariz está tapado.
Limpar olhos e narinas com soro fisiológico mantém tudo mais confortável, e reduzir pó, fumo e perfumes em casa acelera a recuperação. Se houver mais animais, convém separar temporariamente para reduzir a probabilidade de contágio.
No entanto se detetar sintomas como falta de ar, respiração de boca aberta, língua ou gengivas azuladas, febre alta, secreções espessas e malcheirosas, tosse forte que não abranda (ou vómitos depois de tossir), apatia marcada, dor evidente, um gato que não come há mais de 24 horas, ligue imediatamente ao veterinário.
O médico poderá indicar anti-inflamatórios seguros, antibiótico quando há bactérias envolvidas, nebulizações e exames se necessário. E, por favor, nada de “xaropes humanos”, ibuprofeno ou paracetamol, já que o que é banal para nós pode ser perigoso (ou fatal) para eles.
Com ambiente calmo, hidratação, comida apetecível e higiene suave, a maioria dos patudos recupera sem dramas. Assim, o 'atchim' passa depressa e volta o 'ronron' e o abanar de cauda de sempre.