O cancro de pele não é só um problema de humanos. Também é uma realidade cada vez mais reconhecida em cães e gatos. Médicos veterinários e entidades têm aproveitado campanhas, como o "Dezembro Laranja" no Brasil, para alertar que os tumores cutâneos são dos mais comuns em animais de companhia e, em muitos casos, podem estar associados à exposição solar excessiva, sobretudo em animais de pelagem clara.
Entre os vários tipos de tumores de pele que podem afetar cães e gatos, destacam-se o carcinoma de células escamosas (CCE), o mastocitoma e o melanoma, além de outros como hemangiossarcoma cutâneo e histiocitoma.
O carcinoma de células escamosas tem recebido particular atenção: em gatos, é um dos tumores cutâneos malignos mais frequentes, surgindo sobretudo em áreas pouco cobertas de pelo, como orelhas, nariz e pálpebras, e está fortemente ligado à exposição crónica aos raios ultravioleta.
Estudos indicam que gatos brancos têm um risco cerca de 13 vezes superior de desenvolver CCE cutâneo em comparação com gatos de outras cores, precisamente porque têm menos pigmento a proteger a pele. Mais de metade dos casos registados surgem na ponta das orelhas e no nariz. Já em cães, um padrão semelhante aparece em áreas de pelo curto ou ausente, como barriga, ponta das orelhas, focinho e dedos, especialmente em raças de pelagem clara ou com áreas despigmentadas.
Os sinais de alerta variam, mas há padrões a que os tutores devem estar atentos: feridas que não cicatrizam, crostas recorrentes, nódulos, verrugas, áreas avermelhadas, espessas ou com perda de pelo. Em muitos casos, os tumores começam como pequenas lesões discretas e vão evoluindo lentamente, razão pela qual veterinários insistem no diagnóstico precoce. A biópsia ou citologia aspirativa é a forma mais comum de confirmar o tipo de tumor.
A boa notícia é que muitos cancros de pele podem ser tratados com sucesso, sobretudo se forem detetados cedo. As opções incluem cirurgia para remoção das lesões, crioterapia (congelamento), radioterapia, imunoterapia ou quimioterapia, dependendo do tipo, tamanho e localização do tumor.
Na prevenção, as recomendações são claras. Limitar a exposição direta ao sol nas horas de maior intensidade, sobretudo para animais brancos ou de pelo fino, usar películas que filtrem UV em janelas onde os gatos gostam de se deitar, e, no caso dos cães, aplicar protetor solar próprio para animais, em zonas como orelhas, focinho e barriga, sempre com orientação do seu veterinário.