Um animal não é um presente de Natal. Porque deve evitar adoções por impulso durante esta época
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Um animal não é um presente de Natal. Não adote por impulso: este é um dos problemas mais graves desta época

Todos os anos, em Portugal, há um pico de adoções em dezembro… e um aumento de devoluções pouco tempo depois.


O Natal é uma época cheia de luzes, momentos em família e troca de presentes. No meio deste espírito, é muito tentador oferecer um cão ou um gato, sobretudo a crianças. Mas a verdade é dura e simples: o Natal é, muitas vezes, uma das piores alturas para adotar um animal, especialmente em Portugal, onde o abandono continua a ser um problema grave e recorrente.

Um animal não é um brinquedo que se embrulha, brinca-se durante um tempo e depois se encosta a um canto. Um cão ou gato pode viver 15, 18 anos ou mais. Isso significa anos de despesas com alimentação, veterinário, vacinas, desparasitações, eventuais emergências, além de tempo diário para passeios, limpeza, educação, brincadeiras e companhia. A pergunta não deve ser se fica bem nas fotos ou vai deixar os miúdos felizes,  mas sim "esta família está preparada para mudar de vida durante os próximos anos?".

No Natal, a rotina das casas está normalmente virada do avesso. Há mais barulho, mais visitas, mais confusão, viagens, agendas apertadas. Para um animal que acabou de chegar, isto é tudo menos ideal. Um cão ou gato recém-adotado precisa de calma, tempo para se adaptar, regras consistentes, pessoas disponíveis para o ajudar a sentir-se seguro. Recebê-lo numa altura em que toda a gente está distraída entre jantares, trocas de presentes e idas e vindas só aumenta o risco de problemas de comportamento e de frustração dos humanos.

Em Portugal, muitas associações e canis municipais notam o mesmo padrão todos os anos: um aumento de adoções por impulso em dezembro, seguido de devoluções e abandonos nos meses seguintes, muitas vezes quando chega o verão, as férias ou as primeiras "chatices", como fazer xixi no sítio errado, destruição, barulho ou despesas inesperadas. É cruel para o animal, que passa por mais uma mudança, mais desapego e, em muitos casos, volta ao canil sem entender porquê.

Por isso, se quer ter um animal de estimação, não deve adotar por impulso nem como surpresa de Natal. Um cão ou um gato são membros da família, não objetos. E o melhor presente que podemos dar a um animal é ser adotado por pessoas que o escolheram com calma, consciência e vontade de tê-lo ao seu lado todos os dias, não apenas no Natal.