Três milhões de cães em risco: ONG desafiam Marrocos e FIFA antes do Mundial 2030
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Três milhões de cães em risco: ONG's desafiam Marrocos e FIFA antes do Mundial 2030

Abaixo-assinado dirigido à FIFA já reuniu mais de 76 mil assinaturas e exige o fim imediato dos abates de cães de rua em Marrocos.


Uma coligação internacional de associações de defesa dos animais lançou uma petição dirigida à FIFA para travar o que descreve como a "morte anunciada" de até três milhões de cães de rua em Marrocos, país que irá coorganizar o Campeonato do Mundo de 2030 com Portugal e Espanha. O documento já soma mais de 76 mil assinaturas e pede à FIFA que exija o fim de abates de cães de rua, alegadamente promovidos pelo Estado, sob pena de o país perder o estatuto de anfitrião do torneio.

Segundo esta coligação internacional e outras organizações de bem-estar animal, Marrocos terá abatido, em média, cerca de 300 mil cães vadios por ano, número que, alegam, aumentou desde que o país foi confirmado como um dos anfitriões do Mundial de 2030. Os relatos recolhidos por grupos como a International Animal Welfare Protection Coalition e parceiros dão conta de cães mortos a tiro, envenenados, queimados ou deixados a definhar em centros de recolha sobrelotados, bem como de corpos abandonados em valas comuns.

A dimensão do problema levou já à intervenção de instâncias europeias. Em maio de 2025, um deputado ao Parlamento Europeu dirigiu à Comissão Europeia uma pergunta escrita sobre os "planos do Governo marroquino para abater cerca de três milhões de cães vadios", alertando para possíveis violações das normas internacionais de bem-estar animal. Antes, em fevereiro, a Eurogroup for Animals, em conjunto com várias ONG europeias, incluindo a associação portuguesa Animais de Rua, enviou uma carta à FIFA, lembrando que o abate de cães não é uma forma eficaz de controlar populações errantes nem o risco de raiva, e defendendo programas de "capturar-esterilizar-vacinar-devolver" como solução sustentável.

As autoridades marroquinas rejeitam, porém, as acusações de uma campanha sistemática de abates em massa. Em declarações citadas pelo site britânico Vet Times, um responsável governamental classificou as denúncias como "sem fundamento" e considerou parte da cobertura internacional "completamente infundada".

Enquanto as negociações políticas e legislativas avançam, a petição agora em curso procura mobilizar a opinião pública, incluindo em Portugal, país que partilhará o palco do Mundial com Marrocos e Espanha. Os promotores defendem que o evento desportivo "não pode ser construído sobre o sofrimento de milhões de animais" e apelam aos adeptos de futebol, organizações de proteção animal e cidadãos em geral para que pressionem a FIFA e as autoridades marroquinas a optarem por soluções de bem-estar, como esterilização em massa e vacinação, em vez de abates, transformando o Mundial de 2030 num exemplo de boas práticas também na relação com os animais.