Mais um cão eletrocutado em Lisboa. Já é o 4.º só neste mês de novembro
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Houve mais um cão eletrocutado em Lisboa. Já é o 4.º só neste mês de novembro

Os casos de novembro trouxeram para o debate público a segurança da infraestrutura elétrica em Lisboa e Odivelas.


Lisboa está em alerta depois de, num curto espaço de tempo, vários cães terem sido eletrocutados em espaço público. Em menos de 24 horas, a 14 e 15 de novembro, três animais morreram após contactarem com poças de água junto a postes de iluminação em Patameiras, Odivelas, e no Parque das Nações, em Lisboa. Os donos, devastados, falam em "descargas vindas do chão" e exigem explicações das autoridades e da empresa responsável pela rede elétrica.

Os casos iniciais ocorreram durante períodos de chuva, quando os tutores decidiram aproveitar uma aberta para passear os animais. Em Odivelas, dois cães, Luna e Ozzy,  terão caído inanimados quase de imediato depois de passarem por uma zona molhada junto a um candeeiro, cenário que os bombeiros associaram a possível corrente elétrica no solo. Horas depois, um terceiro cão morreu em circunstâncias semelhantes no Parque das Nações, também perto de um poste de iluminação pública. 

Quando a comunidade ainda digeria estas três mortes, um quarto caso foi registado já em Lisboa, no Príncipe Real. Na manhã de quarta-feira, 26 de novembro, um cão sofreu uma forte descarga elétrica enquanto passeava com a dona, mas acabou por sobreviver após ser transportado para o Hospital Veterinário de São Bento. Este novo incidente, ocorrido a poucos dias de distância dos anteriores, elevou a preocupação entre moradores e donos de animais, que falam em "medo de andar na rua quando chove". 

Perante a sucessão de casos, a PSP elaborou autos de ocorrência e remeteu-os ao Ministério Público, enquanto a E-Redes abriu investigações internas para apurar se houve falha na infraestrutura da rede de baixa tensão ligada à iluminação pública. A Câmara Municipal de Lisboa e o município de Odivelas garantem que a manutenção é feita regularmente, mas admitem estar a colaborar com as entidades competentes para identificar eventuais anomalias. Técnicos ouvidos pela comunicação social alertam que a eletrificação do pavimento, sobretudo em zonas com água acumulada, representa risco não só para animais, mas também para pessoas, incluindo crianças. 

Os donos dos cães já apresentaram queixas formais e ponderam avançar com processos judiciais, pedindo o apuramento de responsabilidades civis e criminais. Associações de defesa dos animais, por seu lado, exigem inspeções urgentes a postes e caixas de derivação em toda a área metropolitana, bem como a divulgação de relatórios técnicos completos sobre o que aconteceu. Vários especialistas defendem ainda a criação de protocolos de resposta mais rápidos sempre que surjam denúncias de pavimento eletrificado, de forma a isolar de imediato as zonas de risco. 

Enquanto se aguardam conclusões oficiais, multiplicam-se os apelos à prudência. Veterinários e organizações de bem-estar animal recomendam que, em dias de chuva, os passeios sejam feitos preferencialmente longe de postes, armários elétricos e tampas metálicas, e que qualquer comportamento estranho do cão, como recusar-se a avançar ou ganir subitamente, seja levado muito a sério.