Os portugueses estão cada vez mais ligados aos seus animais de companhia e isso já se reflete de forma clara na carteira, nas rotinas e na tecnologia que levam para casa. O estudo PetPulse Insights – Laços, Rotinas & Consumo, da agência de comunicação UPPartner, revela que 95% dos tutores em Portugal consideram o seu animal parte da família, assumindo-o como fonte de bem-estar emocional e presença central no dia a dia.
O relatório combina uma revisão de literatura internacional com focus groups e um inquérito nacional a 483 tutores de animais de companhia, maiores de 18 anos, com margem de erro de ±5%. O objetivo foi mapear a relação afetiva, as rotinas, os hábitos de consumo, a utilização de serviços de saúde e tecnologia no universo pet em Portugal, num contexto em que o setor vive uma fase de forte crescimento e humanização.
Na alimentação, a tendência é clara: 97% dos tutores recorrem a ração seca, frequentemente combinada com outras opções. Destes, 64% complementam com alimentação húmida, 63% com snacks e 30% com comida caseira, o que, segundo o estudo, traduz uma fase de maior cuidado, variedade e 'premiumização' da dieta. Cerca de 18% utilizam suplementos alimentares, sinal de maior foco preventivo na saúde. A decisão de compra é influenciada por recomendação veterinária, lista de ingredientes e benefícios percebidos, mas o preço e a desconfiança em relação aos rótulos ainda surgem como barreiras.
No acesso à saúde, há espaço para crescer. Apenas 15% dos tutores têm seguro de saúde animal, e a intenção de adesão é descrita como moderada, travada sobretudo por questões de custo, desconhecimento e dificuldade em encontrar produtos ajustados às necessidades reais. Em paralelo, os inquiridos revelam uma relação de confiança com o médico veterinário e adotam práticas preventivas como vacinação e desparasitação, embora refiram stress nas visitas a clínicas (sobretudo pela ausência de separação entre cães e gatos) e a perceção de preços elevados.
A tecnologia surge como área emergente. 23% dos tutores já utilizam wearables ou dispositivos de monitorização, mas 40% mostram interesse em sistemas de acompanhamento contínuo, o que indica um mercado em fase inicial, mas com forte potencial. Há curiosidade por coleiras inteligentes, GPS e soluções que integrem aplicações, dispositivos e planos de saúde (incluindo tele-veterinária), embora o preço e o conforto do animal sejam apontados como obstáculos.
As conclusões gerais apontam para um cenário em que os animais de companhia assumem um papel de coprodutores de bem-estar nas famílias portuguesas, influenciando escolhas de casa, férias, horários de trabalho e padrões de consumo. Para a UPPartner, o mercado pet care em Portugal tem condições para crescer com base em propostas mais integradas de produto, serviço e tecnologia, desde soluções de alimentação e hidratação até seguros, serviços domiciliários e ecossistemas verdadeiramente pet-friendly.