A ciência comprova! Os cães foram nossos companheiros de estrada desde sempre
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A ciência tem provas! Os cães foram nossos companheiros de estrada e de vida desde sempre

O melhor amigo do Homem também foi o melhor companheiro de viagem. É a ciência que o diz.


Os cães não “foram a reboque” dos humanos: foram co-viajantes. É a conclusão que sai de um novo estudo de ADN antigo, publicado pela Science, que cruza genomas de cães e de pessoas ao longo de milénios e mostra mudanças sincronizadas nas duas espécies. Sempre que nós mudávamos de lugar ou de estilo de vida, eles mudavam connosco. Em termos técnicos, chama-se co-dispersão; na prática, é a confirmação genética da velha história do "melhor amigo" desde a pré-história.

Um dos trabalhos de referência compara variações genéticas humanas e caninas ao longo do Holocénico e encontra "mapas" que batem certo: onde há grandes migrações e misturas de populações humanas, há também reconfigurações nos cães locais. Isto é forte evidência de que os cães viajaram nas mesmas ondas de expansão, em caravanas comerciais e rotas de povoamento, não como fauna acidental, mas como parte da nossa história.

Nas Américas, o filme ganha outros pormenores. Uma equipa liderada pela Universidade de Oxford mostrou, com ADN antigo e dados arqueológicos, que os cães chegaram com as primeiras gentes e foram o único animal doméstico introduzido antes da chegada europeia. Avançaram devagar o suficiente para se diferenciarem geneticamente entre Norte, Centro e Sul, algo pouco comum noutros domésticos, o que sugere uma relação funcional e próxima com comunidades agrícolas e caçadoras-recoletoras.

Já no Ártico, um estudo recente na Science reconstrói a origem e a diversidade dos cães de trenó da Gronelândia e mostra como a sua genética acompanha rotas humanas no gelo. Estes "atletas" do frio testemunham ligações entre povos e ambientes extremos. Mais uma pista de que, quando atravessámos paisagens impossíveis, eles foram literalmente a nossa tração às quatro rodas.

Porque interessa hoje? Além de matar a curiosidade (e aquecer o coração), estes dados afinam a nossa leitura da pré-história, ajudam a proteger linhagens caninas singulares e lembram uma evidência incómoda para quem acha que "são só cães". A verdade é que a nossa espécie espalhou-se pelo mundo em parceria com outra. Se quisermos perceber as nossas próprias migrações, vale a pena seguir as pegadas… e as patas.